1 Depois, Jesus atravessou o Mar da Galileia, também conhecido como Mar de Tiberíades.

2 Uma multidão enorme - em grande parte formada por viajantes que iam a Jerusalém para a festa anual da Páscoa - seguia-o para onde quer que fosse, para o ver curar os doentes. Assim, quando Jesus subiu ao monte e se sentou com os discípulos à sua volta,

5 em breve viu que um grande grupo de pessoas subia também a colina à sua procura. Voltando-se para Filipe, perguntou: Filipe, onde poderemos comprar pão para alimentarmos esta gente toda?

6 Estava a experimentá-lo, pois já sabia o que ia fazer.

7 Filipe respondeu: Só para isso era preciso uma fortuna .

8 André, irmão de Simão Pedro, acrescentou:

9 Está aqui um rapaz com cinco pães de cevada e alguns peixes! Mas de que serve para multidão tão numerosa?

10 Digam a toda a gente que se sente, mandou Jesus. E todos se sentaram na colina relvada - só homens eram aproximadamente cinco mil. Jesus, pegando nos pães, deu graças a Deus e passou-os ao povo. Depois fez o mesmo com os peixes. E toda a gente comeu até estar satisfeita.

12 Agora juntem os sobejos, disse Jesus aos discípulos, para que nada se estrague.

13 E encheram-se doze cestos, só de restos.

14 Quando o povo se deu conta daquele grande milagre, exclamou: Sem dúvida é este o Profeta, cuja vinda temos esperado!

15 Jesus viu que estavam a ponto de o levar para fazer dele o seu rei e, assim, subiu o monte ainda mais para o alto, ficando sozinho.

16 Ao cair da noite, os discípulos desceram à praia para o esperar; mas fez-se noite e, como Jesus ainda não tivesse voltado, meteram-se no barco e remaram para Cafarnaum, do outro lado do lago. Em breve, porém, se abateu um vendaval sobre eles enquanto remavam, e o mar ficou bravo. Encontravam-se a cinco ou seis quilómetros de terra quando viram Jesus a caminhar para o barco. Ficaram cheios de medo, mas ele disse-lhes que não se assustassem. Fizeram-no entrar, e o barco chegou ao destino desejado.

22 Na manhã seguinte, de novo no outro lado, as multidões começaram a juntar-se na praia, pois sabiam que ele e os discípulos tinham atravessado juntos e que estes últimos haviam partido no barco, deixando-o em terra. Encontravam-se ali perto várias embarcações pequenas de Tiberíades, e, quando o povo viu que nem Jesus nem os discípulos estavam ali, meteu-se nas embarcações e atravessou para Cafarnaum a fim de o procurar.

25 Quando chegaram e o encontraram, disseram: Senhor, quando vieste aqui? Jesus retorquiu: A verdade é que vocês vieram ter comigo porque vos alimentei, e não porque acreditam em mim. Mas não se devem preocupar tanto com coisas que se acabam, tal como o alimento. Esforcem-se antes por procurar a vida eterna que eu, o Filho do Homem, vos posso dar; pois Deus, o Pai, me enviou para isso mesmo.

28 Perguntaram-lhe então: Que devemos fazer para obedecer à vontade de Deus?

29 A vontade de Deus é que creiam naquele que ele enviou.

30 Eles responderam: Que sinal fazes para que creiamos em ti? Os nossos pais comeram do maná, no deserto, como dizem as Escrituras: 'Moisés deu-lhes pão do céu.' E tu, que fazes?

32 Jesus disse: Não. Na verdade não foi Moisés quem lho deu, mas meu Pai. Mas, agora, ele oferece-vos o verdadeiro pão do céu. O pão verdadeiro é uma pessoa: é aquele que foi enviado do céu por Deus e que dá a vida ao mundo.

34 Senhor, dá-nos sempre desse pão!

35 Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá fome. Quem crê em mim nunca terá sede.

36 O pior, como vos disse, é não acreditarem, mesmo depois de me terem visto.

37 Mas alguns virão ter comigo, aqueles que o Pai me deu, e a esses jamais mandarei embora.

38 Eu vim do céu para fazer a vontade de Deus, que me enviou, e não a minha.

39 E a vontade de Deus é esta: que eu não perca nem um só daqueles que ele me deu, antes os faça viver de novo para a vida eterna, no último dia.

40 Porque a vontade de meu Pai é que todo aquele que vê o Filho, e nele crê, tenha a vida eterna, para que lhe torne a dar vida no último dia.

41 Então os judeus começaram a murmurar contra ele por dizer que era o pão do céu.

42 O quê?, exclamavam. Se ele não é outro senão Jesus, filho de José, cujo pai e mãe conhecemos. Que é isto que diz agora, que veio do céu?

43 Mas Jesus respondeu: Não murmurem por eu ter dito isso.

44 Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, o não atrair a mim, e no último dia os trarei a todos de novo para a vida.

45 Como dizem as Escrituras, 'Todos eles serão ensinados por Deus.' Aqueles que escutaram o Pai e que dele aprendem serão atraídos para mim.

46 Aliás, ninguém realmente vê o Pai; só eu o vi.

47 E solenemente vos digo que todo aquele que crê em mim tem a vida eterna!

48 Eu sou o pão da vida!

49 Os vossos antepassados, no deserto, comeram o maná e morreram.

50 Mas aqui está o pão que veio do céu e que dá a vida a todo aquele que o come.

51 E eu sou o pão da vida, que veio do céu. Quem comer deste pão viverá para sempre; a minha carne é esse pão, que darei para dar vida à humanidade.

52 Então os judeus começaram a discutir entre si acerca do que queriam dizer as suas palavras. Como nos pode este homem dar a sua carne a comer?

53 E Jesus repetiu: Solenemente vos digo isto: a não ser que comam a carne do Filho do Homem e bebam o seu sangue, não poderão ter em vós a vida eterna. Mas todo aquele que comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é o alimento verdadeiro, e o meu sangue é a bebida verdadeira. Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue está em mim, e eu nele.

57 Assim como eu vivo pelo Pai, o qual me enviou e vive eternamente, do mesmo modo aqueles que se alimentam de mim por mim viverão. Eu sou o pão vindo do céu; e todo aquele que comer este pão viverá para sempre, e não morrerá. Não é o caso dos vossos antepassados, que comeram o maná e morreram.

59 Estas coisas ele disse enquanto ensinava na sinagoga em Cafarnaum.

60 Até os discípulos diziam: Isto é muito difícil de compreender. Quem é que pode aceitar estas coisas?

61 Jesus sabia em si mesmo que os seus discípulos se queixavam, e disse-lhes: Estas coisas chocam-vos?

62 Então o que pensarão quando me virem, a mim, o Filho do Homem, voltar de novo para o céu?

63 Só o Espírito Santo dá a vida eterna . Pelo poder humano jamais se receberá este dom. As palavras que eu vos disse são espírito e vida.

64 Alguns de vocês, porém, não crêem em mim. (Pois Jesus sabia desde o princípio quem não cria, e quem o ia trair.)

65 Era isto que eu queria dizer quando revelei que ninguém pode vir a mim a não ser que o Pai o traga para mim.

66 Nesta altura muitos dos seus discípulos se afastaram e o abandonaram.

67 Jesus voltou-se para os doze e perguntou-lhes: Também se querem ir embora?

68 Simão Pedro respondeu: Mestre, para quem iremos nós? Só tu tens as palavras que dão a vida eterna;

69 nós acreditamos nelas e sabemos que és o santo Filho de Deus.

70 Então Jesus informou-os: Escolhi-vos a todos, mas um é um diabo.

71 (Falava de Judas, filho de Simão Iscariotes, um dos doze, que o iria trair.)

1 Algum tempo depois Jesus partiu para a outra margem do mar da Galiléia ( ou seja, do mar de Tiberíades ),

2 e grande multidão continuava a segui-lo, porque vira os sinais miraculosos que ele tinha realizado nos doentes.

3 Então Jesus subiu ao monte e sentou-se com os seus discípulos.

4 Estava próxima a festa judaica da Páscoa.

5 Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que se aproximava, Jesus disse a Filipe: "Onde compraremos pão para esse povo comer? "

6 Fez essa pergunta apenas para pô-lo à prova, pois já tinha em mente o que ia fazer.

7 Filipe lhe respondeu: "Duzentos denários não comprariam pão suficiente para que cada um recebesse um pedaço! "

8 Outro discípulo, André, irmão de Simão Pedro, tomou a palavra:

9 "Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é isto para tanta gente? "

10 Disse Jesus: "Mandem o povo assentar-se". Havia muita grama naquele lugar, e todos se assentaram. Eram cerca de cinco mil homens.

11 Então Jesus tomou os pães, deu graças e os repartiu entre os que estavam assentados, tanto quanto queriam; e fez o mesmo com os peixes.

12 Depois que todos receberam o suficiente para comer, disse aos seus discípulos: "Ajuntem os pedaços que sobraram. Que nada seja desperdiçado".

13 Então eles os ajuntaram e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de cevada deixados por aqueles que tinham comido.

14 Depois de ver o sinal miraculoso que Jesus tinha realizado, o povo começou a dizer: "Sem dúvida este é o Profeta que devia vir ao mundo".

15 Sabendo Jesus que pretendiam proclamá-lo rei à força, retirou-se novamente sozinho para o monte.

16 Ao anoitecer seus discípulos desceram para o mar,

17 entraram num barco e começaram a travessia para Cafarnaum. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha ido até onde eles estavam.

18 Soprava um vento forte, e as águas estavam agitadas.

19 Depois de terem remado cerca de cinco ou seis quilômetros, viram Jesus aproximando-se do barco, andando sobre o mar, e ficaram aterrorizados.

20 Mas ele lhes disse: "Sou eu! Não tenham medo! "

21 Então se animaram a recebê-lo no barco, e logo chegaram à praia para a qual se dirigiam.

22 No dia seguinte, a multidão que tinha ficado no outro lado do mar percebeu que apenas um barco estivera ali, e que Jesus não havia entrado nele com os seus discípulos, mas que eles tinham partido sozinhos.

23 Então alguns barcos de Tiberíades aproximaram-se do lugar onde o povo tinha comido o pão após o Senhor ter dado graças.

24 Quando a multidão percebeu que nem Jesus nem os discípulos estavam ali, entrou nos barcos e foi para Cafarnaum em busca de Jesus.

25 Quando o encontraram do outro lado do mar, perguntaram-lhe: "Mestre, quando chegaste aqui? "

26 Jesus respondeu: "A verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais miraculosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos.

27 Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem lhes dará. Deus, o Pai, nele colocou o seu selo de aprovação".

28 Então lhe perguntaram: "O que precisamos fazer para realizar as obras que Deus requer? "

29 Jesus respondeu: "A obra de Deus é esta: crer naquele que ele enviou".

30 Então lhe perguntaram: "Que sinal miraculoso mostrarás para que o vejamos e creiamos em ti? Que farás?

31 Os nossos antepassados comeram o maná no deserto; como está escrito: ‘Ele lhes deu a comer pão do céu’".

32 Declarou-lhes Jesus: "Digo-lhes a verdade: Não foi Moisés quem lhes deu pão do céu, mas é meu Pai quem lhes dá o verdadeiro pão do céu.

33 Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo".

34 Disseram eles: "Senhor, dá-nos sempre desse pão! "

35 Então Jesus declarou: "Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede.

36 Mas, como eu lhes disse, vocês me viram, mas ainda não crêem.

37 Todo o que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei.

38 Pois desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou.

39 E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia.

40 Porque a vontade de meu Pai é que todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia".

41 Com isso os judeus começaram a criticar Jesus, porque dissera: "Eu sou o pão que desceu do céu".

42 E diziam: "Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como ele pode dizer: ‘Desci do céu’? "

43 Respondeu Jesus: "Parem de fazer-me críticas.

44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia.

45 Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão ensinados por Deus’. Todos os que ouvem o Pai e dele aprendem vêm a mim.

46 Ninguém viu o Pai, a não ser aquele que vem de Deus; somente ele viu ao Pai.

47 Asseguro-lhes que aquele que crê tem a vida eterna.

48 Eu sou o pão da vida.

49 Os seus antepassados comeram o maná no deserto, mas morreram.

50 Todavia, aqui está o pão que desce do céu, para que não morra quem dele comer.

51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo".

52 Então os judeus começaram a discutir exaltadamente entre si: "Como pode este homem nos oferecer a sua carne para comermos? "

53 Jesus lhes disse: "Eu lhes digo a verdade: Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em si mesmos.

54 Todo o que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.

55 Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida.

56 Todo o que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.

57 Da mesma forma como o Pai que vive me enviou e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que se alimenta de mim viverá por minha causa.

58 Este é o pão que desceu do céu. Os antepassados de vocês comeram o maná e morreram, mas aquele que se alimenta deste pão viverá para sempre".

59 Ele disse isso quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum.

60 Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: "Dura é essa palavra. Quem consegue ouvi-la? "

61 Sabendo em seu íntimo que os seus discípulos estavam se queixando do que ouviram, Jesus lhes disse: "Isso os escandaliza?

62 Que acontecerá se vocês virem o Filho do homem subir para onde estava antes!

63 O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida.

64 Contudo, há alguns de vocês que não crêem". Pois Jesus sabia desde o princípio quais deles não criam e quem o iria trair.

65 E prosseguiu: "É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai".

66 Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo.

67 Jesus perguntou aos Doze: "Vocês também não querem ir? "

68 Simão Pedro lhe respondeu: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna.

69 Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus".

70 Então Jesus respondeu: "Não fui eu que os escolhi, os Doze? Todavia, um de vocês é um diabo! "

71 ( Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, que, embora fosse um dos Doze, mais tarde haveria de traí-lo. )