1 Os chefes tribais de Efraim ficaram muito contrariados contra Gedeão. Porque é que não nos mandaste chamar quando foste lutar contra os midianitas?, perguntaram.
2 Gedeão respondeu-lhes: Deus permitiu que fossem vocês a capturar Orebe e Zeebe, os generais do exército midianita. Que fizemos nós em comparação com isso? As vossas acções na parte final do combate foram muito mais importantes do que as nossas no princípio! E foi assim que os outros se acalmaram.
4 Gedeão, entretanto, tinha atravessado o Jordão com os seus trezentos homens. Estavam todos muito cansados, mas continuavam sempre a perseguir os inimigos. E pediram alimentos à gente de Sucote: Estamos esgotados de energias, por causa de andarmos a perseguir Zeba e Zalmuna, os reis de Midiã.
6 Contudo os líderes de Sucote retorquiram-lhes: Vocês ainda não conseguiram apanhá-los! Se vos dermos alimento e se vocês não chegarem a capturá-los, vai acontecer que eles voltarão e nos liquidarão.
7 Ao ouvir isto Gedeão avisou-os: Pois então, quando o Senhor os entregar nas nossas mãos, regressarei aqui e hei-de rasgar a vossa carne com espinhos e abrolhos do deserto.
8 Depois foi-se a Penuel e pediu ali alimento, mas obteve a mesma resposta. A estes disse também: Quando toda a campanha acabar, tornarei aqui e derrubarei esta torre.
10 Por esta altura esses tais reis midianitas, Zeba e Zalmuna, encontravam-se em Carcor com um resto de uns quinze mil soldados das suas tropas. Era aliás tudo o que restava daqueles exércitos aliados do oriente, pois que cento e vinte mil tinham já sido mortos.
11 Então Gedeão contornou a zona em que estavam os fugitivos indo pelo caminho das caravanas, a oriente de Noba e de Jogbea, caindo de surpresa sobre aquele resto do exército midianita, que não estava a contar com o ataque. Os dois reis fugiram mas Gedeão perseguiu-os e capturou-os, derrotando o exército inteiro. Algum tempo depois, Gedeão regressou pelo caminho de Heres. Ali prendeu um moço de Sucote e disse-lhe que escrevesse os nomes dos setenta e sete chefes políticos e religiosos da cidade.
15 Após isso regressou a Sucote, e disse àquela gente: Vocês escarneceram de mim, dizendo que eu nunca haveria de apanhar os reis Zeba e Zalmuna e recusaram-me alimento numa altura em que estava extenuado e debilitado pela fome. Pois bem, eles aqui estão!
16 Então, pegou nos chefes da cidade, deu-lhes uma lição, com espinhos e abrolhos. Foi também a Penuel e deitou abaixo a torre da cidade, matando toda a população.
18 Gedeão perguntou a esses reis, Zeba e Zalmuna: A gente que vocês mataram em Tabor, como é que eram eles? Vestiam como tu, como filhos de reis!
19 Pois eram certamente os meus irmãos!, exclamou Gedeão. Podem ter a certeza de que não vos mataria se não lhes tivessem tirado a vida.
20 Seguidamente, voltando-se para Jeter, seu filho mais velho, mandou que os matasse. No entanto o rapaz, que ainda era novinho, teve receio.
21 Zeba e Zalmuna disseram a Gedeão: Mata-nos tu mesmo. Preferimos morrer às mãos dum homem! E então Gedeão matou-os e guardou para si os ornamentos que estavam nos pescoços dos camelos deles.
22 Os homens de Israel pediram-lhe que fosse o seu rei: Que tu, os teus filhos e todos os teus descendentes sejam quem nos há-de reger, pois que nos salvaste dos midianitas.
23 Mas a resposta de Gedeão foi: Eu não serei o vosso rei, nem tão pouco o meu filho. O Senhor, sim, é o vosso rei! No entanto pretendo fazer-vos um pedido: dêem-me todos os pendentes das orelhas dos nossos inimigos, que vocês guardaram por despojo. Porque as tropas midianitas, sendo ismaelitas como eram, traziam pendentes de ouro.
25 De boa vontade o faremos! E logo estenderam ali uma capa onde toda a gente foi pôr os pendentes que tinha guardado. O valor total daquilo foi calculado nuns vinte quilos de ouro, sem contar os crescentes, as cadeias, os fatos reais em púrpura e os ornamentos dos pescoços dos camelos. Gedeão fez um éfode de todo esse ouro e pô-lo em Ofra, a sua própria cidade. Em breve Israel inteiro começou a prestar adoração àquilo. Foi uma coisa muita má que Gedeão e a sua família fizeram.
28 Esta é pois a narrativa de como Midiã foi subjugado por Israel. Os midianitas nunca mais levantaram a cabeça, e a terra permaneceu em paz por quarenta anos - ou seja, todo o tempo de vida de Gedeão. Este viveu sempre na sua própria casa, chegou a ter setenta filhos, pois que teve muitas mulheres. Teve igualmente uma concubina em Siquem, que lhe deu um filho de nome Abimeleque. Quando faleceu era velho, já muito velho, e foi posto no sepulcro do seu pai Joás em Ofra, na terra dos abiezritas.
33 No entanto, logo que Gedeão morreu, os israelitas começaram a adorar os ídolos de Baal e de Baal-Berite. Deixaram de considerar o Senhor como o seu Deus, ainda que tivesse sido ele quem os salvou de todos os seus inimigos ao redor. Tão pouco mostraram bondade alguma para com a família de Gedeão, apesar de tudo o que este fez por eles.
1 Os efraimitas perguntaram então a Gideão: "Por que você nos tratou dessa forma? Por que não nos chamou quando foi lutar contra Midiã? " E o criticaram duramente.
2 Ele, porém, lhes respondeu: "Que é que eu fiz, em comparação com vocês? O resto das uvas de Efraim não são melhores do que toda a colheita de Abiezer?
3 Deus entregou os líderes midianitas Orebe e Zeebe nas mãos de vocês. O que pude fazer não se compara com o que vocês fizeram? " Diante disso, acalmou-se a indignação deles contra Gideão.
4 Gideão e seus trezentos homens, já exaustos, continuaram a perseguição, chegaram ao Jordão e o atravessaram.
5 Em Sucote, disse ele aos homens dali: "Peço-lhes um pouco de pão para as minhas tropas; os homens estão cansados, e eu ainda estou perseguindo os reis de Midiã, Zeba e Zalmuna".
6 Os líderes de Sucote, porém, disseram: "Ainda não estão em seu poder Zeba e Zalmuna? Por que deveríamos dar pão às suas tropas? "
7 "É assim? ", replicou Gideão. "Quando o Senhor entregar Zeba e Zalmuna em minhas mãos, rasgarei a carne de vocês com espinhos e espinheiros do deserto. "
8 Dali subiu a Peniel e fez o mesmo pedido aos homens de Peniel, mas eles responderam como os de Sucote.
9 Aos homens de Peniel ele disse: "Quando eu voltar triunfante, destruirei esta fortaleza".
10 Ora, Zeba e Zalmuna estavam em Carcor, e com eles cerca de quinze mil homens. Estes foram todos os que sobraram dos exércitos dos povos que vinham do leste, pois cento e vinte mil homens que portavam espada tinham sido mortos.
11 Gideão subiu pela rota dos nômades, a leste de Noba e Jogbeá, e atacou de surpresa o exército.
12 Zeba e Zalmuna, os dois reis de Midiã, fugiram, mas ele os perseguiu e os capturou; derrotando também o exército.
13 Depois Gideão, filho de Joás, voltou da batalha pela subida de Heres.
14 Ele capturou um jovem de Sucote e o interrogou, e o jovem escreveu para Gideão os nomes dos setenta e sete líderes e autoridades da cidade.
15 Gideão foi então a Sucote e disse aos homens de lá: "Aqui estão Zeba e Zalmuna, acerca dos quais vocês zombaram de mim, dizendo: ‘Ainda não estão em seu poder Zeba e Zalmuna? Por que deveríamos dar pão aos seus homens exaustos? ’ "
16 Gideão prendeu os líderes da cidade de Sucote, castigando-os com espinhos e espinheiros do deserto;
17 derrubou a fortaleza de Peniel e matou os homens daquela cidade.
18 Então perguntou a Zeba e a Zalmuna: "Como eram os homens que vocês mataram em Tabor? " "Eram como você", responderam, "cada um tinha o porte de um príncipe".
19 Gideão prosseguiu: "Aqueles homens eram meus irmãos, filhos de minha própria mãe. Juro pelo nome do Senhor que, se vocês tivessem poupado a vida deles, eu não mataria vocês".
20 E Gideão voltou-se para Jéter, seu filho mais velho, e lhe disse: "Mate-os! " Jéter, porém, teve medo e não desembainhou a espada, pois era muito jovem.
21 Mas Zeba e Zalmuna disseram: "Venha, mate-nos você mesmo. Isso exige coragem de homem". Então Gideão avançou e os matou, e tirou os enfeites do pescoço dos camelos deles.
22 Os israelitas disseram a Gideão, "Reine sobre nós! você, seu filho e seu neto, pois você nos libertou das mãos de Midiã".
23 "Não reinarei sobre vocês", respondeu-lhes Gideão, "nem meu filho reinará sobre vocês. O Senhor reinará sobre vocês. "
24 E prosseguiu: "Só lhes faço um pedido: que cada um de vocês me dê um brinco da sua parte dos despojos". ( Os ismaelitas costumavam usar brincos de ouro. )
25 Eles responderam: "De boa vontade os daremos a você! " Então estenderam uma capa, e cada homem jogou sobre ela um brinco tirado de seus despojos.
26 O peso dos brincos de ouro chegou a vinte quilos e meio, sem contar os enfeites, os pendentes e as roupas de púrpura que os reis de Midiã usavam e os colares que estavam no pescoço de seus camelos.
27 Gideão usou o ouro para fazer um manto sacerdotal, que ele colocou em sua cidade, em Ofra. Todo o Israel prostituiu-se, fazendo dele objeto de adoração; e veio a ser uma armadilha para Gideão e sua família.
28 Assim Midiã foi subjugado pelos israelitas, e não tornou a erguer a cabeça. Durante a vida de Gideão a terra desfrutou paz quarenta anos.
29 Jerubaal, filho de Joás, retirou-se e foi para casa, onde ficou morando.
30 Teve setenta filhos, todos gerados por ele, pois tinha muitas mulheres.
31 Sua concubina, que morava em Siquém, também lhe deu um filho, a quem ele deu o nome de Abimeleque.
32 Gideão, filho de Joás, morreu em idade avançada e foi sepultado no túmulo de seu pai, Joás, em Ofra dos abiezritas.
33 Logo depois que Gideão morreu, os israelitas voltaram a prostituir-se com os baalins, cultuando-os. Ergueram Baal-Berite como seu deus, e
34 não se lembraram do Senhor, do seu Deus, que os tinha livrado das mãos dos seus inimigos em redor.
35 Também não foram bondosos com a família de Jerubaal, isto é, Gideão, reconhecendo todo o bem que ele tinha feito por Israel.