1 Um dia em Abril, enquanto servia o vinho ao rei, este perguntou-me: Porque é que estás tão triste? Estás doente? Pareces estar com grandes problemas. (Porque até então sempre fora uma pessoa alegre com ele.)

3 Fiquei pois deveras perturbado, mas repliquei: Senhor , não hei-de eu estar triste quando a cidade dos meus antepassados está em ruínas e os portões queimados!

4 Bem, e o que é preciso fazer?, perguntou o rei rei ao Deus dos céus e respondi:

5 Se vossa majestade achasse bem e se me quisesse beneficiar com a sua boa vontade, poderia enviar-me a Judá para reconstruir a cidade dos meus pais!

6 O rei, que tinha a rainha sentada ao seu lado, tornou a perguntar: E quanto tempo precisas para isso? Quando regressarias? Respondi-lhe, e o rei aceitou enviar-me; indiquei-lhe também a data de partida.

7 Ainda fiz mais este pedido: Que vossa majestade se digne dar-me cartas para os governadores a ocidente do rio Eufrates para que me deixem atravessar os seus territórios na viagem para Judá; e ainda uma carta para Asafe, o responsável pelas florestas reais, dando-lhe instruções para que me seja dada madeira para refazer as portas da cidade, para pôr igualmente a porta na fortaleza junto do templo e para a minha própria casa. O rei concordou com este pedido, porque era Deus quem o inclinava a meu favor.

9 Quando cheguei às províncias a ocidente do Eufrates entreguei as credenciais do rei aos governadores. Devo acrescentar que o monarca me fez acompanhar de tropa comandada por oficiais para me protegerem.

10 No entanto quando Sanbalate (horonita) e Tobias (o oficial amonita) souberam da minha chegada, ficaram furiosos por haver alguém a interessar-se em ajudar Israel.

11 Três dias após ter chegado a Jerusalém, levantei-me de noite e chamei junto de mim alguns homens. Eu ainda não tinha dito absolutamente a ninguém dos planos quanto a Jerusalém que Deus me pusera no coração. Subi para a montada, e os outros seguiram-me a pé; fomos pelo caminho da porta do Vale em direcção à fonte do Dragão, continuando pela porta do Monturo, para vermos o estado em que estavam as muralhas, todas em ruínas, e as portas ardidas.

14 Depois seguimos pela porta da Fonte até ao tanque Real; mas o animal não podia passar por ali. Então contornámos a cidade e seguimos pelo ribeiro, sempre inspeccionando as muralhas, tornando a entrar pela porta do Vale.

16 Os administradores da cidade não souberam o que fiz; porque não tinha contado ainda nada a ninguém dos meus planos - nem sequer aos chefes políticos e religiosos, nem aos que trabalhavam nas obras.

17 Mas depois disse-lhes: Sabem muito bem a miséria em que se encontra a nossa cidade, em ruínas, com as suas portas ardidas. Vamos reconstruir as muralhas de Jerusalém e sair deste opróbio em que nos encontramos!

18 E prossegui falando-lhes do desejo que Deus me tinha dado, da conversa que tivera com o soberano persa e do plano de acção com que ele concordou esponderam unanimemente: Óptimo! Vamos reconstruir a muralha! E metemos mãos à obra.

19 Mas quando Sanbalate, Tobias e Gesem o árabe souberam desta decisão, troçaram de nós e advertiram-nos: Mas que é isso que querem fazer? Querem revoltar-se contra o rei?

20 Respondi-lhes: O Deus do céus nos ajudará; nós, seus servos, havemos de reconstruir os muros. Vocês não têm nada a ver com esta obra, nem por razões de passado nem por razões de justiça.

1 No mês de nisã do vigésimo ano do rei Artaxerxes, na hora de servir-lhe o vinho, levei-o ao rei. Nunca antes eu tinha estado triste na presença dele;

2 Por isso o rei me perguntou: "Por que o seu rosto parece tão triste, se você não está doente? Essa tristeza só, pode ser do coração! " Com muito medo,

3 eu disse ao rei: "Que o rei viva para sempre! Como não estaria triste o meu rosto, se a cidade em que estão sepultados os meus pais está em ruínas, e as suas portas foram destruídas pelo fogo? "

4 O rei me disse: "O que você gostaria de pedir? " Então orei ao Deus dos céus,

5 e respondi ao rei: "Se for do agrado do rei e se o seu servo puder contar com a benevolência do rei, que ele me deixe ir à cidade de Judá onde meus pais estão enterrados, para que eu possa reconstruí-la".

6 Então o rei, com a rainha sentada ao seu lado, perguntou-me: "Quanto tempo levará a viagem? Quando você voltará? " Marquei um prazo com o rei, e ele concordou que eu fosse.

7 E a seguir acrescentei: Se for do agrado do rei, que me dê cartas aos governadores do Trans-Eufrates para que me deixem passar até chegar a Judá.

8 Que me dê também uma carta para Asafe, guarda da floresta do rei, para que ele me forneça madeira para as vigas das portas da cidadela que fica junto ao templo, do muro da cidade e da residência que irei ocupar. Visto que a bondosa mão de Deus estava sobre mim, o rei atendeu os meus pedidos.

9 Com isso fui aos governadores do Trans-Eufrates e lhes entreguei as cartas do rei. O rei fez-me acompanhar uma escolta de oficiais do exército e de cavaleiros.

10 Sambalate, o horonita, e Tobias, o oficial amonita, ficaram muito irritados quando que alguém estava interessado no bem dos israelitas.

11 Cheguei a Jerusalém e, depois de três dias de permanência ali,

12 saí de noite com alguns dos meus amigos. Eu não havia contado a ninguém o que o meu Deus havia posto em meu coração que eu fizesse por Jerusalém. Não levava nenhum outro animal além daquele em que eu estava montado.

13 De noite saí pela porta do Vale na direção da fonte do Dragão e da porta do Esterco, examinando o muro de Jerusalém que havia sido derrubado, e suas portas, que haviam sido destruídas pelo fogo.

14 Fui até a porta da Fonte e do tanque do rei, mas ali não havia espaço para o meu animal passar;

15 por isso subi o vale, de noite, examinando o muro. Finalmente voltei e tornei a entrar pela porta do Vale.

16 Os oficiais não sabiam aonde eu tinha ido ou o que eu estava fazendo, pois até então eu não tinha dito nada aos judeus, aos sacerdotes, aos nobres, aos oficiais e aos outros que iriam realizar a obra.

17 Então eu lhes disse: Vocês estão vendo a situação terrível em que estamos: Jerusalém está em ruínas, e suas portas foram destruídas pelo fogo. Venham, vamos reconstruir o muro de Jerusalém, para que não fiquemos mais nesta situação humilhante.

18 Também lhes contei como Deus tinha sido bondoso comigo e o que o rei me tinha dito. Eles responderam: "Sim, vamos começar a reconstrução". E se encorajaram para esse bom projeto.

19 Quando, porém, Sambalate, o horonita, Tobias, o oficial amonita, e Gesém, o árabe, souberam disso, zombaram de nós, desprezaram-nos e perguntaram: "O que é isso que vocês estão fazendo? Estão se rebelando contra o rei? "

20 Eu lhes respondi: O Deus dos céus fará que sejamos bem sucedidos. Nós, os seus servos, começaremos a reconstrução, mas, no que lhes diz respeito, vocês não têm parte nem direito legal sobre Jerusalém, e em sua história não há nada de memorável que favoreça vocês!