1 Então todo o povo começou a chorar, em altos clamores; assim ficaram até durante a noite toda. E levantaram um grande coro de queixa contra Moisés e Arão: Mais valia que tivéssemos morrido no Egipto, ou até mesmo aqui no deserto,
3 em vez de sermos levados para essa terra que aí está. Jeová irá matar-nos lá; as nossas mulheres e os nossos filhos ficarão cativos como escravos. Saiamos mas é daqui e voltemos para o Egipto!
4 Esta ideia arrastou todo o campo. Vamos eleger um chefe para nos levar outra vez para o Egipto!, gritavam.
5 Então Moisés e Arão caíram com os rostos em terra na frente do povo de Israel.
6 Contudo, dois dos que tinham sido enviados a espreitar a terra - Josué filho de Num e Calebe filho de Jefoné - tiveram outra atitude. Rasgaram a roupa que vestiam em sinal de indignação e disseram ao povo: Olhem que essa terra que fomos ver, que temos diante de nós, é uma região maravilhosa! Não se esqueçam de que o Senhor ama-nos! Ele nos levará com toda a segurança para lá e a terra será nossa. É extremamente fértil; pode dizer-se realmente que produz leite e mel. Oh! Não se revoltem contra o Senhor; não tenham medo daquele povo. Eles são, afinal, o pão de que precisamos. O Senhor está connosco e por isso retira-lhes todo o apoio. Sobretudo não tenham medo deles!
10 Mas a única resposta do povo foi pensar em apedrejá-los. Nessa altura apareceu a glória do Senhor, o qual disse a Moisés: Até quando me desprezará este povo? Será que nunca chegarão a acreditar em mim, mesmo depois de todos os milagres que fiz no meio deles? Vou rejeitá-los e castigá-los com uma praga. Quanto a ti, farei que te tornes uma nação ainda mais numerosa e mais poderosa do que eles!
13 Senhor, suplicou Moisés, mas que hão-de dizer os egípcios quando ouvirem isso? Eles constataram bem todo o poder que revelaste quando resgataste o teu povo de lá. Entretanto já contaram isso tudo aos habitantes da terra, os quais se dão perfeitamente conta de que estás com Israel, e que lhes falas face a face. Vêem até a coluna de nuvem e de fogo que se mantém por cima de nós e sabem que nos guias e nos proteges de dia e de noite. Portanto se matares todo o teu povo, as nações que ouviram a tua fama dirão: 'O Senhor matou-os porque não podia cuidar deles no deserto. Não foi capaz de os trazer até à terra que jurou dar-lhes!'
17 Oh! peço-te, manifesta o teu grande poder, perdoando os nossos pecados e fazendo prova do teu profundo amor para connosco. Perdoa-nos ainda que tenhas dito que não deixarás o pecado por castigar, mas que punirás a culpa dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração. Rogo-te pois que perdoes os pecados deste povo, de acordo com a tua grandeza e o teu amor autêntico, e tal como lhe tens perdoado sempre desde que deixaram o Egipto até agora.
20 Então o Senhor respondeu-lhe: Pois sim, perdoo-lhes conforme me pediste. Mas prometo solenemente pelo meu próprio nome que, tão certo como a terra vir a encher-se com a minha glória, nenhum deste indivíduos que viram a minha grandeza e os milagres que fiz, tanto no Egipto como no deserto - e dez vezes recusaram confiar em mim e obedecer-me - nenhum deles portanto verá sequer a terra que prometi aos seus antepassados.
24 No entanto meu servo Calebe portou-se diferentemente - obedeceu-me inteiramente; houve nele uma atitude diferente. A ele, levá-lo-ei até à terra que foi observar, e os seus descendentes possui-la-ão inteiramente. Agora pois, visto que o povo de Israel está assim com tanto medo dos amalequitas e dos cananeus que vivem nos vales, regressarão ao deserto amanhã na direcção do Mar Vermelho.
26 O Senhor ainda acrescentou o seguinte a Moisés e a Arão:
27 Até quando continuará este povo mau a queixar-se de mim? Porque ouvi tudo o que têm dito. Digam-lhes então:
28 'O Senhor prometeu-vos efectivamente aquilo que mais receiam: morrerão aqui neste deserto! Nem um só de vocês, que se têm queixado de mim e que têm mais de vinte anos, entrará na terra prometida. Apenas a Calebe filho de Jefoné e a Josué filho de Num será permitido lá entrarem.
31 Dizem que os vossos filhos se haviam de tornar escravos do povo da terra. Pois a eles sim, levarei com segurança para a terra e possuirão aquilo que vocês recusaram. Os vossos corpos portanto hão-de vir a cair no deserto. E até lá, vaguearão por aí, como nómadas, durante quarenta anos. Será dessa forma que pagarão pela vossa falta de confiança, até que o último caia morto nessa terra desabitada.
34 Sendo então que os espias estiveram quarenta dias na terra que vos ia dar, levarão por isso quarenta anos a vaguear no deserto - levarão um ano por cada dia o peso de culpa dos vossos pecados. Assim vos ensinarei o que significa rejeitar-me.
35 Eu, Jeová, falei. Cada um de vocês que conspirou contra mim morrerá nesta terra deserta.'
36 Os dez outros espias, que tinham iniciado a rebelião contra Jeová, lançando o medo nos corações do povo, desacreditando a terra, foram feridos de morte perante o Senhor. De todos os espias ficaram vivos apenas Josué e Calebe. E quando Moisés veio relatar ao povo as palavras de Deus, espalhou-se uma grande tristeza por todo o acampamento!
40 Na manhã seguinte levantaram-se muito cedo e começaram a preparar-se para ir para a terra prometida. Aqui estamos!, diziam, confessamos que pecámos; mas estamos prontos agora para entrar na terra que o Senhor nos prometeu.
41 Mas Moisés respondeu-lhes: Agora estão a desobedecer à ordem do Senhor de voltarem para o deserto. Não prossigam com o vosso plano, porque então é que seriam mesmo esmagados pelos vossos inimigos, visto que Deus já não vos apoia nisso. Presentemente têm de se lembrar mesmo que estão lá os amalequitas e os cananeus que vos chacinariam! Desviaram-se do Senhor - ele desviar-se-á de vocês!
44 Apesar destas palavras, continuaram a subir à zona das colinas, mesmo sem que a arca nem Moisés tivessem deixado o acampamento. Então os amalequitas que viviam nessas colinas desceram e atacaram-nos, ferindo-os e perseguindo-os até Horma.
1 Naquela noite toda a comunidade começou a chorar em alta voz.
2 Todos os israelitas queixaram-se contra Moisés e contra Arão, e toda a comunidade lhes disse: "Quem dera tivéssemos morrido no Egito! Ou neste deserto!
3 Por que o Senhor está nos trazendo para esta terra? Só para nos deixar cair à espada? Nossas mulheres e nossos filhos serão tomados como despojo de guerra. Não seria melhor voltar para o Egito? "
4 E disseram uns aos outros: "Escolheremos um chefe e voltaremos para o Egito! "
5 Então Moisés e Arão prostraram-se, rosto em terra, diante de toda a assembléia dos israelitas.
6 Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dentre os que haviam observado a terra, rasgaram as suas vestes
7 e disseram a toda à comunidade dos israelitas: "A terra que percorremos em missão de reconhecimento é excelente.
8 Se o Senhor se agradar de nós, ele nos fará entrar nessa terra, onde manam leite e mel, e a dará a nós.
9 Somente não sejam rebeldes contra o Senhor. E não tenham medo do povo da terra, porque nós os devoraremos como se fossem pão. A proteção deles se foi, mas o Senhor está conosco. Não tenham medo deles! "
10 Mas a comunidade toda falou em apedrejá-los. Então a glória do Senhor apareceu a todos os israelitas na Tenda do Encontro.
11 E o Senhor disse a Moisés: "Até quando este povo me tratará com pouco caso? Até quando se recusará a crer em mim, apesar de todos os sinais que realizei entre eles?
12 Eu os ferirei com praga e os destruirei, mas farei de você uma nação maior e mais forte do que eles".
13 Moisés disse ao Senhor: "Então os egípcios ouvirão que pelo teu poder fizeste este povo sair dentre eles,
14 e falarão disso aos habitantes desta terra. Eles ouviram que tu, ó Senhor, estás com este povo e que te vêem face a face, Senhor, e que a tua nuvem paira sobre eles, e que vais adiante deles numa coluna de nuvem de dia e numa coluna de fogo de noite.
15 Se exterminares este povo, as nações que ouvirem falar do que fizeste dirão:
16 ‘O Senhor não conseguiu levar esse povo à terra que lhes prometeu em juramento; por isso os matou no deserto’.
17 "Mas agora, que a força do Senhor se manifeste, segundo prometeste:
18 ‘O Senhor é muito paciente e grande em fidelidade, e perdoa a iniqüidade e a rebelião, se bem que não deixa o pecado sem punição, e castiga os filhos pela iniqüidade dos pais até a terceira e quarta geração’.
19 Segundo a tua grande fidelidade, perdoa a iniqüidade deste povo, assim como a tens perdoado desde que saíram do Egito até agora".
20 O Senhor respondeu: "Eu os perdoei, conforme você pediu.
21 No entanto, juro pela glória do Senhor que enche toda a terra,
22 que nenhum dos que viram a minha glória e os sinais miraculosos que realizei no Egito e no deserto, e me puseram à prova e me desobedeceram dez vezes —
23 nenhum deles chegará a ver a terra que prometi com juramento aos seus antepassados. Ninguém que me tratou com desprezo a verá.
24 Mas, como o meu servo Calebe tem outro espírito e me segue com integridade, eu o farei entrar na terra que foi observar, e seus descendentes a herdarão.
25 Visto que os amalequitas e os cananeus habitam nos vales, amanhã dêem meia-volta e partam em direção ao deserto pelo caminho que vai para o mar Vermelho".
26 Disse mais o Senhor a Moisés e a Arão:
27 "Até quando esta comunidade ímpia se queixará contra mim? Tenho ouvido as queixas desses israelitas murmuradores.
28 Diga-lhes: ‘Juro pelo meu nome, declara o Senhor, que farei a vocês tudo o que pediram:
29 Cairão neste deserto os cadáveres de todos vocês, de vinte anos para cima, que foram contados no recenseamento e que se queixaram contra mim.
30 Nenhum de vocês entrará na terra que, com mão levantada, jurei dar-lhes para sua habitação, exceto Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.
31 Mas, quanto aos seus filhos, sobre os quais vocês disseram que seriam tomados como despojo de guerra, eu os farei entrar para desfrutarem a terra que vocês rejeitaram.
32 O cadáveres de vocês, porém, cairão neste deserto.
33 Os filhos de vocês serão pastores aqui durante quarenta anos, sofrendo pela infidelidade de vocês, até que o último cadáver de vocês seja destruído no deserto.
34 Durante quarenta anos vocês sofrerão a conseqüência dos seus pecados e experimentarão a minha rejeição; cada ano corresponderá a cada um dos quarenta dias em que vocês observaram a terra’.
35 Eu, o Senhor, falei, e certamente farei essas coisas a toda esta comunidade ímpia, que conspirou contra mim. Encontrarão o seu fim neste deserto; aqui morrerão".
36 Os homens enviados por Moisés em missão de reconhecimento daquela terra voltaram e fizeram toda a comunidade queixar-se contra ele ao espalharem um relatório negativo;
37 esses homens responsáveis por espalhar o relatório negativo sobre a terra morreram subitamente de praga perante o Senhor.
38 De todos os que foram observar a terra, somente Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, sobreviveram.
39 Quando Moisés transmitiu essas palavras a todos os israelitas, eles choraram amargamente.
40 Na madrugada seguinte subiram para o alto da região montanhosa, e disseram: "Subiremos ao lugar que o Senhor prometeu, pois cometemos pecado".
41 Moisés, porém, disse: "Por que vocês estão desobedecendo à ordem do Senhor? Isso não terá sucesso!
42 Não subam, porque o Senhor não está com vocês. Vocês serão derrotados pelos inimigos,
43 pois os amalequitas e os cananeus os enfrentarão ali, e vocês cairão à espada. Visto que deixaram de seguir ao Senhor, ele não estará com vocês".
44 Apesar disso, eles subiram desafiadoramente ao alto da região montanhosa, mas nem Moisés nem a arca da aliança do Senhor saíram do acampamento.
45 Então os amalequitas e os cananeus que lá viviam desceram e os derrotaram e os perseguiram até Hormá.