1 Ó Deus, que és o objecto do meu louvor, não permaneças calado.

2 Quando os perversos me caluniam e dizem mentiras a meu respeito, eles sabem muito bem que não têm a mínima razão para me odiarem e para estarem cerradamente contra mim, como fazem.

4 Em paga da minha boa vontade, da minha compreensão, são meus inimigos. Por isso quanto a mim só me resta fazer-te oração!

5 Pagam-me o bem com o mal, o amor com o ódio.

6 Eles dizem: Nomeiem um juiz corrupto, e que haja um acusador contra ele.

7 Que seja julgado e condenado. Que a sentença seja infalivelmente a sua condenação. Que até quando te fizer orações isso seja considerado um pecado!

8 Que os dias da sua vida sejam poucos e breves, e que venham outros tirar-lhe o trabalho, e o lugar na sociedade.

9 Que os seus filhos fiquem órfãos, e a sua mulher viúva.

10 Que sejam expulsos das ruínas do seu lar e os seus descendentes sejam obrigados a mendigar o pão por terras distantes.

11 Que os credores lancem mão de tudo o que era dele, e que estranhos fiquem com tudo o que ganhou.

12 Que ninguém tenha pena dele nem dó dos seus órfãos.

13 Que a sua posteridade venha a desaparecer, e que ninguém se lembre mais dele, passada uma geração!

14 Que o Senhor se lembre da maldade dos seus pais, para a castigar. Que não os tenha por inocentes.

15 Que o Senhor tenha esses pecados sempre presentes, e que nunca mais ninguém se lembre de que existiu esse homem.

16 Pois recusou ser bom para com o seu próximo. Chegou mesmo ao ponto de perseguir os que estavam aflitos e tinham necessidades, e os que viviam com o coração angustiado; e perseguiu-os até os liquidar!

17 Sendo assim, visto que teve alegria na maldição dos outros, pois que agora venha maldição sobre ele. Se nunca quis a tua bênção, por que razão havia ele agora de ser abençoado por ti?

18 Nas suas relações com os outros a maldição era algo que lhe era tão habitual como a própria roupa que se veste, ou a água que se bebe normalmente!

19 Então agora que essas mesmas maldições que distribuiu se voltem contra ele, se lhes pegue como a roupa ao corpo, que o aperte como o cinto que tem à cintura!

20 Esse é o castigo que o Senhor dará aos meus inimigos, aos que dizem toda a espécie de mentiras a meu respeito, e que querem a liquidação da minha alma!

21 Mas tu, Senhor meu Deus, sê a meu favor, e isso para que o teu nome não seja desonrado! Livra-me, porque eu sei que é grande a tua bondade!

22 Estou aflito e necessitado. O meu coração vai desfalecendo.

23 Vou resvalando pela encosta da vida em direcção à sombra da morte. Em breve a vida me sacudirá como se sacode um insecto.

24 Os meus joelhos estão esfraquecidos de tanto jejuar, estou na pele e osso!

25 Sou já, para toda a gente, como que a própria imagem do fracasso; olham para mim e não fazem mais do que abanar a cabeça.

26 Ajuda-me, Senhor meu Deus! Salva-me, porque és cheio de bondade!

27 Para que toda a gente constate que intervéns na minha vida.

28 Eles podem amaldiçoar, é certo. Mas que me importa isso se és tu quem me abençoa!

29 Bem podem levantar-se para me destruir: os seus planos falharão redondamente, e eu hei-de continuar a alegrar-me com o meu Deus! Que eles fracassem em tudo o que fizerem! Que a desgraça se lhes cole à vida como a roupa ao corpo.

30 Mas eu quero agradecer ao Senhor com toda a força, e contarei a toda a gente o que fez por mim.

31 Pois que ele permanece ao lado do pobre para o livrar dos que pretendem liquidar-lhe a alma.

1 Ó Deus, a quem louvo, não fiques indiferente,

2 pois homens ímpios e falsos dizem calúnias contra mim, e falam mentiras a meu respeito.

3 Eles me cercaram com palavras carregadas de ódio; atacaram-me sem motivo.

4 Em troca da minha amizade eles me acusam, mas eu permaneço em oração.

5 Retribuem-me o bem com o mal, e a minha amizade com ódio.

6 Designe-se um ímpio como seu oponente; à sua direita esteja um acusador.

7 Seja declarado culpado no julgamento, e que até a sua oração seja considerada pecado.

8 Seja a sua vida curta, e outro ocupe o seu lugar.

9 Fiquem órfãos os seus filhos e a sua esposa, viúva.

10 Vivam os seus filhos vagando como mendigos, e saiam rebuscando o pão longe de suas casas em ruínas.

11 Que um credor se aposse de todos os seus bens, e estranhos saqueiem o fruto do seu trabalho.

12 Que ninguém o trate com bondade nem tenha misericórdia dos seus filhos órfãos.

13 Sejam exterminados os seus descendentes e desapareçam os seus nomes na geração seguinte.

14 Que o Senhor se lembre da iniqüidade dos seus antepassados, e não se apague o pecado de sua mãe.

15 Estejam os seus pecados sempre perante o Senhor, e na terra ninguém jamais se lembre da sua família.

16 Pois ele jamais pensou em praticar um ato de bondade, mas perseguiu até à morte o pobre, o necessitado e o de coração partido.

17 Ele gostava de amaldiçoar: venha sobre ele a maldição! Não tinha prazer em abençoar: afaste-se dele a bênção!

18 Ele vestia a maldição como uma roupa: entre ela em seu corpo como água e em seus ossos como óleo.

19 Envolva-o como um manto e aperte-o sempre como um cinto.

20 Assim retribua o Senhor aos meus acusadores, aos que me caluniam.

21 Mas tu, Soberano Senhor, intervém em meu favor, por causa do teu nome. Livra-me, pois é sublime o teu amor leal!

22 Sou pobre e necessitado e, no íntimo, o meu coração está abatido.

23 Vou definhando como a sombra vespertina; para longe sou lançado, como um gafanhoto.

24 De tanto jejuar os meus joelhos fraquejam e o meu corpo definha de magreza.

25 Sou motivo de zombaria para os meus acusadores; logo que me vêem, meneiam a cabeça.

26 Socorro, Senhor, meu Deus! Salva-me pelo teu amor leal!

27 Que eles reconheçam que foi a tua mão, que foste tu, Senhor, que o fizeste.

28 Eles podem amaldiçoar, tu, porém, me abençoas. Quando atacarem, serão humilhados, mas o teu servo se alegrará.

29 Sejam os meus acusadores vestidos de desonra; que a vergonha os cubra como um manto.

30 Em alta voz, darei muitas graças ao Senhor; no meio da assembléia eu o louvarei,

31 pois ele se põe ao lado do pobre para salvá-lo daqueles que o condenam.