1 Salva-me, ó Deus, pois torrentes elevaram-se.
2 Atolei-me num fundo lamaçal. Já não consigo manter-me de pé; as águas cobrem-me e arrastam-me.
3 Estou exausto de gritar. Tenho a garganta seca, e os olhos cansados de tanto chorar, esperando pelo meu Deus.
4 São tantos que nem posso contar, os que me aborrecem sem razão alguma. É gente poderosa e influente, esses que querem destruir-me, embora eu esteja inocente de tudo o que me acusam. Chegaram a exigir que eu fosse castigado pelo que nunca fiz.
6 Que aqueles que confiam em ti não tenham ocasião de ficar mal por minha causa; que não precisem de ficar envergonhados.
7 Eu realmente tenho sido escarnecido e envergonhado.
8 Tenho-me tornado como um estranho para com os meus irmãos, que fazem que não me conhecem.
10 Chorei e jejuei, por tua causa. Mas até isso se tornou uma razão para me ofenderem.
11 Vesti-me de luto e de tristeza; pois até isso é razão para andar de boca em boca entre eles, falando mal de mim.
12 Sou o assunto do dia, na cidade; tornei-me a canção dos beberrões.
13 Contudo continuo a fazer oração a ti, Senhor, enquanto é tempo, enquanto estás inclinado a ouvir. E tu estás pronto a responder com uma boa dose do teu amor, segundo a promessa da tua salvação.
14 Tira-me então para fora deste lamaçal. Não deixes que me afunde aqui.
15 Não permitas que as correntes das águas me sorvam para o fundo, e que este poço profundo se torne a minha sepultura.
16 Senhor, responde-me, pois é grande a tua misericórdia; atenta para as minhas necessidades, pois é imensa a tua piedade.
17 Não te escondas de mim, pois estou bem angustiado.
18 Responde-me depressa! Vem até mim e salva-me. Liberta-me de todos os meus inimigos.
19 Tu bem sabes como eles me ofendem vergonhosamente, e me deixam desnorteado. Tu conhece-los bem a todos.
20 As suas afrontas despedaçam-me o coração. Sinto-me muito debilitado. Ainda esperei que alguém me compreendesse, tivesse pena de mim e quisesse consolar-me. Mas não encontrei ninguém!
21 Pelo contrário: deram-me veneno como alimento, e quando tinha sede, oferecem-me vinagre.
22 Que as suas alegrias se tornem em tristeza e em ruína, para castigo deles.
23 Que fiquem rodeados de trevas, de cegueira, e que os seus corpos tremam de medo e fadiga.
24 Que se tornem alvo da tua severa indignação, que sejam aniquilados pela tua grande cólera.
25 Que as suas luxuosas casas fiquem desvastadas, abandonadas as suas habitações.
26 Pois perseguem aquele que tu próprio já afligiste e zombam da dor com que o feriste.
27 Que os seus pecados, amontados, os impeçam de ter acesso à tua justiça.
28 Que sejam riscados, da lista dos vivos; eles não poderão participar nessa inscrição em companhia dos que seguem a tua justiça.
29 Porém a mim, Senhor, que estou aflito e abatido, que a tua salvação me ponha num abrigo bem seguro.
30 Então louvarei Deus com o meu cântico. Dir-lhe-ei todo o meu agradecimento pelo seu grande poder. E isto lhe será muito mais agradável do que fazer sacrifícios de touros ou de bezerros, segundo os preceitos todos da lei.
31 Os que amam a paz ficarão felizes também com isso.
32 O vosso coração terá uma vida nova visto que buscam Deus!
34 Louvem-no todo o céu e a Terra, os mares e tudo o que neles vive!
35 Porque Deus salvará Jerusalém. Tornará a edificar as cidades de Judá para que o seu povo more nela e nunca mais as deixe.
36 Os seus filhos a herdarão. Todos os que amam o nome de Deus morarão ali em segurança.
1 Salva-me, ó Deus!, pois as águas subiram até o meu pescoço.
2 Nas profundezas lamacentas eu me afundo, não tenho onde firmar os pés. Entrei em águas profundas; as correntezas me arrastam.
3 Cansei-me de pedir socorro; minha garganta se abrasa. Meus olhos fraquejam de tanto esperar pelo meu Deus.
4 Os que sem razão me odeiam são mais do que os fios de cabelo da minha cabeça; muitos são os que me prejudicam sem motivo, muitos, os que procuram destruir-me. Sou forçado a devolver o que não roubei.
5 Tu bem sabes como fui insensato, ó Deus; a minha culpa não te é encoberta.
6 Não se decepcionem por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, Senhor dos Exércitos! Não se frustrem por minha causa os que te buscam, ó Deus de Israel!
7 Pois por amor a ti suporto zombaria, e a vergonha cobre-me o rosto.
8 Sou um estrangeiro para os meus irmãos, um estranho até para os filhos da minha mãe;
9 pois o zelo pela tua casa me consome, e os insultos daqueles que te insultam caem sobre mim.
10 Até quando choro e jejuo, tenho que suportar zombaria;
11 quando ponho vestes de lamento, sou motivo de piada.
12 Os que se ajuntam na praça falam de mim, e sou a canção dos bêbados.
13 Mas eu, Senhor, no tempo oportuno, elevo a ti minha oração; responde-me, por teu grande amor, ó Deus, com a tua salvação infalível!
14 Tira-me do atoleiro, não me deixes afundar; liberta-me dos que me odeiam e das águas profundas.
15 Não permitas que as correntezas me arrastem, nem que as profundezas me engulam, nem que a cova feche sobre mim a sua boca!
16 Responde-me, Senhor, pela bondade do teu amor; por tua grande misericórdia, volta-te para mim.
17 Não escondas do teu servo a tua face; responde-me depressa, pois estou em perigo.
18 Aproxima-te e resgata-me; livra-me por causa dos meus inimigos.
19 Tu bem sabes como sofro zombaria, humilhação e vergonha; conheces todos os meus adversários.
20 A zombaria partiu-me o coração; estou em desespero! Supliquei por socorro, nada recebi, por consoladores, e a ninguém encontrei.
21 Puseram fel na minha comida e para matar-me a sede deram-me vinagre.
22 Que a mesa deles se lhes transforme em laço; torne-se retribuição e armadilha.
23 Escureçam-se os seus olhos para que não consigam ver; faze-lhes tremer o corpo sem parar.
24 Despeja sobre eles a tua ira; que o teu furor ardente os alcance.
25 Fique deserto o lugar deles; não haja ninguém que habite nas suas tendas.
26 Pois perseguem aqueles que tu feres e comentam a dor daqueles a quem castigas.
27 Acrescenta-lhes pecado sobre pecado; não os deixes alcançar a tua justiça.
28 Sejam eles tirados do livro da vida e não sejam incluídos no rol dos justos.
29 Grande é a minha aflição e a minha dor! Proteja-me, ó Deus, a tua salvação!
30 Louvarei o nome de Deus com cânticos e proclamarei sua grandeza com ações de graças;
31 isso agradará o Senhor mais do que bois, mais do que touros com seus chifres e cascos.
32 Os necessitados o verão e se alegrarão; a vocês que buscam a Deus, vida ao seu coração!
33 O Senhor ouve o pobre e não despreza o seu povo aprisionado.
34 Louvem-no os céus e a terra, os mares e tudo o que neles se move,
35 pois Deus salvará Sião e reconstruirá as cidades de Judá. Então o povo ali viverá e tomará posse da terra;
36 a descendência dos seus servos a herdará, e nela habitarão os que amam o seu nome.