1 Quando veio a manhã, os sacerdotes principais e os dirigentes judaicos reuniram-se de novo para discutir como iriam convencer o governo romano a condenar Jesus à morte. Mandaram-no, pois, manietado, a Pilatos, o governador romano.
3 Por essa altura, Judas, que o traiu, sabendo que Jesus tinha sido condenado a morrer, lamentou o que tinha feito, e devolveu o dinheiro aos principais sacerdotes e outros chefes judaicos.
4 Pequei, porque traí um inocente.Isso é contigo, replicaram eles.
5 Então, atirando com o dinheiro para o lajedo do templo, saiu e enforcou-se.
6 Os principais sacerdotes apanharam o dinheiro, dizendo: Não podemos pô-lo nas ofertas visto ser contra as nossas leis aceitar dinheiro pago por assassínio.
7 Discutido o caso, resolveram comprar um campo onde os oleiros iam buscar barro e fazer ali um cemitério para os estrangeiros que morressem em Jerusalém. Por isso, o cemitério ainda tem o nome de Campo de Sangue.
9 Assim se cumpriu a profecia de Jeremias em como tomariam as trinta moedas de prata, o preço pelo qual ele seria avaliado pelo povo de Israel, e as dariam por um campo do oleiro, como o Senhor ordenara.
11 Jesus estava agora diante de Pilatos, o governador romano, que lhe perguntou: És o Rei dos judeus? Sim, é como tu dizes, respondeu Jesus.
12 Mas quando os principais sacerdotes e os outros chefes fizeram as suas muitas acusações contra ele, Jesus continuou calado.
13 Não ouves o que eles dizem?, perguntou Pilatos.
14 Mas Jesus continuou em silêncio, com grande espanto do governador.
15 Ora, o governador tinha o costume de soltar um preso judeu à escolha do povo em cada ano, durante a festa da Páscoa. Nesse ano encontrava-se encarcerado um criminoso muito conhecido, chamado Barrabás.
17 Quando o povo se juntou diante da casa de Pilatos naquela manhã, ele perguntou: Quem querem vocês que vos solte, Barrabás ou Jesus, chamado o Messias? c
18 Ele sabia muito bem que os chefes judaicos tinham prendido Jesus por inveja, devido à sua popularidade junto do povo.
19 Enquanto Pilatos presidia à sessão do tribunal, a mulher dele mandou-lhe este recado: Deixa esse homem justo em paz, porque esta noite tive um pesadelo horrível por sua causa.
20 Entretanto, os principais sacerdotes e anciãos do povo convenceram o povo a pedir a libertação de Barrabás e a condenação de Jesus à morte. E quando o governador tornou a perguntar: Qual destes dois querem vocês que vos solte?, a multidão respondeu em grande grita: Barrabás!
22 Então que farei de Jesus, chamado o Messias? E eles gritaram: Crucifica-o!
23 Porquê? Que mal fez ele? Eles continuaram a gritar:Crucifica-o! Crucifica-o!
24 Quando Pilatos viu que não se saía daquilo e que se começava a levantar tumulto, mandou buscar uma bacia de água e lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste homem. A culpa é vossa! E a multidão gritou:
25 Que a responsabilidade da sua morte caia sobre nós e os nossos filhos!
26 Então Pilatos pôs Barrabás em liberdade. Depois de mandar chicotear Jesus, entregou-o aos soldados romanos para que o levassem a ser crucificado.
27 Antes disso, levaram Jesus para o pátio do quartel e reuniram toda a guarnição. Tirando-lhe a roupa, vestiram-no com um manto vermelho escuro, fizeram uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, meteram-lhe uma vara na mão direita como se fosse o bastão de um rei e, ajoelhando-se diante dele, faziam troça, gritando: Viva o rei dos judeus! Cuspiam-lhe e, tirando-lhe a vara da mão, batiam-lhe com ela na cabeça. Depois de toda esta comédia, tiraram-lhe o manto, vestiram-no com as suas próprias roupas e levaram-no para fora para ser crucificado.
32 Quando iam a caminho do local de execução, encontraram-se com um homem de Cirene, que se chamava Simão, a quem obrigaram a carregar com a cruz de Jesus.
33 Foram pois para um lugar conhecido pelo nome de Gólgota, ou seja, monte da Caveira. Aí, os soldados deram-lhe a beber vinho misturado com fel, mas, quando o experimentou, não quis tomá-lo.
35 Depois de o terem pregado na cruz, os soldados lançaram dados para distribuir as suas roupas entre si. Sentaram-se à volta, montando guarda enquanto ele ali estava pendurado. Por cima da sua cabeça, puseram uma tabuleta com a acusação contra ele: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
38 Dois salteadores foram também crucificados ali naquela manhã, um de cada lado dele
39 As pessoas que passavam insultavam-no, sacudindo a cabeça e dizendo: És capaz de destruir o templo e construí-lo de novo em três dias, não és? Então, salva-te a ti mesmo. Se és o Filho de Deus, desce da cruz!
41 Também os principais sacerdotes, os mestres da lei e dirigentes judaicos troçavam dele: /
42 Salvou os outros mas não pode salvar-se a si próprio. É o rei de Israel? Então desça da cruz e acreditaremos nele!o
43 Confiou em Deus? Então que Deus o livre, se de facto tem prazer nele. Não disse ele que era o Filho de Deus?
44 Até os salteadores lhe atiravam o mesmo na cara.
45 Naquela tarde, a terra inteira ficou escura durante três horas, desde o meio dia até às três da tarde, altura em que Jesus exclamou: Eli, Eli, lema sabactaní?, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?
47 Algumas das pessoas que ali estavam perceberam mal e julgaram que chamava por Elias. Um homem correu, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa vara, ergueu-a para que bebesse . Mas os outros diziam: Deixem-no, a ver se Elias o vem salvar.
50 Jesus deu outro clamor, entregou o espírito e morreu.
51 Nesse instante, a cortina que separava o lugar santíssimo no templo rasgou-se de cima a baixo. A terra tremeu, as rochas fenderam-se, os túmulos abriram-se, e muitos homens e mulheres piedosos que haviam morrido voltaram à vida. Deixando o cemitério, depois da ressurreição de Jesus, entraram em Jerusalém, onde apareceram a muita gente.
54 Os soldados escolhidos para estarem de serviço na crucificação e o seu oficial ficaram cheios de medo com o terramoto e com tudo o que aconteceu, e eles próprios confessaram: Verdadeiramente era o Filho de Deus.
55 E muitas mulheres que tinham vindo da Galileia com Jesus para tratar dele estavam à distância assistindo à cena. Entre elas achavam-se Maria Madalena, Maria (mãe de Tiago e José) e a mãe de Tiago e João, filhos de Zebedeu.
57 Quando caiu a noite, um homem rico de Arimateia, chamado José, e seguidor de Jesus, foi ter com Pilatos e pediu o corpo dele. Pilatos deu ordem para que lho entregassem. José levou o corpo e envolveu-o num grande pano de linho. Colocou-o no seu próprio túmulo novo que tinha sido escavado na rocha. Ao sair, rolou uma grande pedra para tapar a entrada. Tanto Maria Madalena como a outra Maria estavam sentadas perto, a olhar.
62 No dia seguinte, no primeiro dia das celebrações da Páscoa, os principais sacerdotes e os fariseus foram ter com Pilatos e disseram-lhe: Senhor, aquele mentiroso disse certa vez: 'Depois de três dias voltarei a viver .
64 Portanto, pedimos-te que dês ordens para selar o túmulo até ao terceiro dia, não vão os seus discípulos roubar o corpo e dizer depois a toda a gente que ele tornou a viver. Se tal acontecesse, ficaríamos em pior situação do que nunca!
65 Ao que Pilatos respondeu: Chamem a própria polícia do templo. Ela poderá guardá-lo com toda a segurança.
66 Selaram , pois, a pedra e puseram guardas para a defender de qualquer estranho.